Papa: lançar corajosamente as redes do Evangelho no meio do mar do mundo
Papa Francisco
Publicado em 06/09/2024
Em sua homilia, na missa celebrada no Estádio Gelora Bung Karno, em Jacarta, Francisco citou duas atitudes fundamentais que o encontro com Jesus nos convida a viver e que nos tornam seus discípulos: escutar a Palavra e viver a Palavra.
Da Redação com Vatican News

O Papa Francisco celebrou a primeira missa pública de sua 45ª Viagem Apostólica Internacional, no Estádio Gelora Bung Karno, em Jacarta, na Indonésia, nesta quinta-feira (05/09).

Francisco iniciou sua homilia, citando duas atitudes fundamentais que o encontro com Jesus nos convida a viver e que nos tornam seus discípulos: escutar a Palavra e viver a Palavra.

Escutar a Palavra. O evangelista Lucas conta que muitas pessoas acorriam a Jesus e que a multidão se comprimia à volta dele «para escutar a palavra de Deus». Procuravam-no, tinham fome e sede da Palavra do Senhor, que ouviam ressoar nas palavras de Jesus.

Ousar uma vida nova

Ao mesmo tempo, a Palavra do Senhor pede para ser encarnada concretamente em nós: somos chamados a viver a Palavra. Quando terminou de pregar às multidões a partir da barca, Jesus dirige-se a Pedro, exortando-o a arriscar e a apostar nesta Palavra: «Faz-te ao largo; e vós, lançai as redes para a pesca».

A Palavra do Senhor não pode permanecer uma linda ideia abstrata ou suscitar apenas a emoção de um momento; ela exige-nos que mudemos o olhar, que deixemos o coração transformar-se à imagem do coração de Cristo; ela nos chama a lançar corajosamente as redes do Evangelho no meio do mar do mundo, “correndo o risco” de viver o amor que Ele nos ensinou e viveu em primeiro lugar.

“Também a nós o Senhor, com a força ardente da sua Palavra, nos pede para avançar para águas mais profundas, para sairmos das margens estagnadas dos maus hábitos, dos medos e da mediocridade, para ousarmos uma vida nova.”

Ter a mesma humildade e fé de Pedro

 

De acordo com Francisco, "existem sempre obstáculos e desculpas no sentido de dizermos “não”; mas olhemos de novo para a atitude de Pedro: tinha vindo de uma noite difícil, em que não tinha pescado nada, estava cansado e desiludido, e no entanto, em vez de ficar paralisado naquele vazio e bloqueado pelo seu próprio fracasso, diz: «Mestre, trabalhamos durante toda a noite e nada pescamos; mas, porque Tu o dizes, lançarei as redes». Porque Tu o dizes, lançarei as redes. E então se realiza o inaudito: o milagre de uma barca que se enche de peixes a ponto de quase afundar".

Irmãos e irmãs, perante as muitas tarefas da nossa vida quotidiana; perante o apelo, que todos sentimos, de construir uma sociedade mais justa, de avançar no caminho da paz e do diálogo – que aqui na Indonésia já foi traçado há muito tempo –, podemos por vezes julgar-nos inadequados, sentir o peso de tanto esforço que nem sempre dá os frutos esperados, ou o peso dos nossos erros que parecem impedir o caminho.

“Mas, com a mesma humildade e fé de Pedro, também nos é pedido para não ficarmos prisioneiros dos nossos fracassos e, em vez de permanecermos com os olhos fixos nas nossas redes vazias, olharmos para Jesus e confiarmos nele.”

Podemos sempre arriscar, avançando-nos ao mar e lançando de novo as redes, mesmo depois de termos atravessado a noite do fracasso, o tempo da desilusão, em que não pescamos nada.

 

Percorrer com confiança o caminho do diálogo

 

O Papa citou as palavras de Santa Teresa de Calcutá, cuja memória celebramos hoje, que se dedicou incansavelmente aos mais pobres e se tornou uma promotora da paz e do diálogo: “Quando nada tivermos para dar, demos esse nada. E lembra-te: nunca te canses de semear, mesmo se não vieres a colher nada”.

 

Francisco exortou os indonésios a ousarem sempre o sonho da fraternidade que é "um verdadeiro tesouro" entre eles. "Com a Palavra do Senhor encorajo-vos a semear o amor, a percorrer com confiança o caminho do diálogo, a praticar continuamente a bondade e amabilidade com o sorriso que vos caracteriza, a serem construtores de unidade e de paz. Sede construtores de esperança, daquela esperança do Evangelho que não desilude e abre a uma alegria sem fim", concluiu.

 

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