Na catequese de hoje, Francisco inseriu o conhecimento de si próprio como um segundo elemento fundamental no processo de discernimento
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
O Papa Francisco segue no ciclo de catequeses sobre o discernimento. Nesta quarta-feira, 5, dedicou-se ao “conhecimento de si”, um segundo elemento muito importante no processo de discernir.
Na semana passada, o foco da reflexão foi a oração, entendida como familiaridade e confidência com Deus. Hoje, Francisco convidou os fiéis a se concentrarem no conhecimento de si próprios, uma vez que “o bom discernimento exige também o conhecimento de si”.
Conhecer a si mesmo não é fácil, reconheceu o Pontífice. Ele observou que o discernimento envolve várias faculdades humanas e muitas vezes as pessoas não sabem discernir porque não conhecem a si mesmas de modo suficiente e, assim, não sabem o que realmente querem.
Francisco citou um autor de espiritualidade que diz que o maior obstáculo para o verdadeiro discernimento não é a natureza intangível de Deus, mas a constatação de que não se conhece o suficiente a si próprio. “Todos temos a tentação de usar máscaras inclusive diante de nós mesmos”, observou.
Um trabalho de escavação interior
O Santo Padre observou ainda que conhecer a si próprio é cansativo, exige um paciente trabalho de escavação interior. “Requer a capacidade de parar, de ‘desativar o piloto automático’, de tomar consciência da nossa maneira de agir, dos sentimentos que nos habitam, dos pensamentos recorrentes que nos condicionam, e muitas vezes sem que saibamos”.
Nesse processo, também é preciso distinguir entre as emoções e as faculdades espirituais. “Sinto” não é a mesma coisa que “estou convencido”, observou o Santo Padre, e assim se vai vendo que, muitas vezes, a visão de si mesmo e da realidade pode ser um pouco deturpada.
Francisco pontuou, então, a necessidade de conhecer as “senhas” também na vida espiritual, fazendo uma analogia com o mundo da informática, onde é tão importante ter as senhas para entrar nos programas e encontrar informações mais pessoais e preciosas.
“É importante conhecer-se, conhecer as passwords do nosso coração, aquilo a que somos mais sensíveis, para nos protegermos de quem se apresenta com palavras persuasivas para nos manipular, mas também para reconhecer o que é realmente importante para nós, distinguindo-o das modas do momento ou de slogans vistosos e superficiais”.
Exame de consciência
Francisco indicou como auxílio aos fiéis nesse processo de conhecimento o exame de consciência. Mas não é aquele feito para confissão: trata-se de um exame de consciência geral do dia.
“Fazer exame de consciência, ou seja, o bom hábito de reler com calma o que acontece no nosso dia, aprendendo a observar nas avaliações e escolhas aquilo a que damos mais importância, o que procuramos e porquê, e o que afinal encontramos. Aprendendo sobretudo a reconhecer o que sacia o meu coração. Pois somente o Senhor nos pode dar a confirmação de quanto valemos”.
O Santo Padre concluiu dizendo que a oração e o conhecimento de si mesmo permite crescer em liberdade. “São elementos básicos da existência cristã, elementos preciosos para encontrar o próprio lugar na vida”.